sábado, 18 de novembro de 2017

DIFERENTES CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO E SEUS IMPACTOS NA FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS SETORIAIS.

Desenvolvimento é uma questão quem vem sendo discutida desde os primórdios da civilização e se entendia apenas como uma dependência dos fenômenos naturais e positivos, e sua expansão estava contida na consciência de limite que é o crescimento para adaptação às leis naturais ou ao plano de Deus. Uma outra forma vista como paradigma prevaleceu, sendo o desenvolvimento visto como uma forma de evolucionismo social, nesse sentido o termo passou a ser visto como modernização ou a libertação.

Com o passar do tempo as políticas voltadas para o desenvolvimento cresceram e ganharam espaço, possibilitando as últimas décadas serem reconhecidas como a era do desenvolvimento. Assumindo novas formas após as lacunas deixadas pela segunda guerra mundial, surge então a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento [UNCTAD], justamente para preencher as lacunas. Alguns anos depois o conceito de desenvolvimento sustentável é difundido, após a publicação do Relatório Bruntland. Em seguida acontece no Rio de Janeiro a ECO-92, que traz resultado positivos acerca da sustentabilidade.

Então começam a se observar diferentes concepções de desenvolvimento e o que essas concepções causam nas políticas setoriais. Vendo o desenvolvimento como crescimento econômico, é importante citar Schumpeter, que usa o termo como evolução, desdobramento, revelação e inovação. Assim como Schumpeter, muitos economistas consideravam que o crescimento econômico refletiria um desenvolvimento social, pois dessa forma a pobreza seria combatida, fato que era visto nas sociedades modernas urbanizadas. Logo o processo de industrialização de produtos, passam a ser vistos com outros olhos, segundo a lógica da substituição de importações, enfatizaram: sejam políticas horizontais destinadas a reduzir custos de investimento, produção e exportação, seja políticas verticais integradas, nos marcos do conceito de “cadeia produtiva” (Motta Veiga, 2002).

Outra concepção de desenvolvimento é de entende-lo como uma ficção, Rivero (2002) defende a ideia de que aqueles que acreditam no desenvolvimento ignoram os processos histórico-culturais, o progresso não-linear da sociedade, as abordagens éticas e até mesmo a dispensar os impactos ecológicos. Essa ideia é sustentada pelo argumento de que a humanidade segue um curso natural, e que o desenvolvimento social, intelectual ou de riqueza se dá de modo natural. E mais uma vez Veiga afirma: "a renúncia à ideia de desenvolvimento deve-se ao fato de ter funcionado como uma armadilha ideológica inventada para perpetuar relações assimétricas entre as minorias dominantes e as dominadas maiorias em países e entre eles " (Veiga 2005, p.79).

Uma outra concepção é de ver o desenvolvimento como uma rota alternativa. Para que se entenda desenvolvimento como rota alternativa, é necessária uma visão integrada e multidisciplinar, onde princípios devem ser considerados, tais como a eficiência em uma dimensão econômica, equidade em relação a sociedade e a liberdade como um proposito político. E ainda podemos entender o desenvolvimento em relação a sustentabilidade, onde Becker vai dizer que: “O desenvolvimento sustentável é um processo de transformação em que a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e as mudanças institucionais são reconciliadas e reforçam o potencial presente e futuro, para atender às necessidades e aspirações futuras (...) é isso que atende às necessidades presentes, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”. (Becker, 1993, página 49).

Essa ideia de desenvolvimento sustentável vem como alternativa para promover a inclusão social, bem-estar econômico e preservação dos recursos naturais. No artigo Desenvolvimento: análise de conceito, medições e indicadores, afirma que a visão de desenvolvimento de uma sociedade não pode permanecer restrita a um conceito operacional e puramente descritivo. Isso está relacionado a hipóteses induzidas que culminaram em um modelo de padrões culturais que acabam por ser estranho para as sociedades em que são aplicadas. Desta forma, os índices e os indicadores do sistema prescrevem normas e procedimentos para o que é considerado o caminho de desenvolvimento normal.



REFERÊNCIAS


Veiga, JE (2005). Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI . Rio de Janeiro: Garamond.



Becker, BK (1993). A Amazônia pós ECO-92: por um desenvolvimento regional responsável. Em M. Bursztyn (Org.). Para pensar o desenvolvimento sustentável . Brasília: IBAMA / ENAP / Brasiliense.



Santagada, S. (1993). Indicadores sociais: contexto social e breve histórico. Indicadores Econômicos, 4 (20), 245-255.



Motta Veiga, P. 2002. Política comercial, indústria e exportações: vamos voltar a falar de produtividade e competitividade. In: Castro, A. C. (org.). BNDES – Desenvolvimento em debate – Painéis do Desenvolvimento Brasileiro – I. Mauad/BNDES.

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