Os textos lidos relatam quatro mitos que fazem parte da língua portuguesa. O primeiro deles é o mais sério de todos pois se trata da unicidade da língua portuguesa, o que não pode ser dito como uma verdade. Cada região ou cada cultura tem sua forma de falar o português, e não aceitar ou reconhecer a maneira cultural que difere do formato apresentado pelas escolas, é um preconceito que precisa ser combatido, pois cada um se expressa de acordo com o meio em que vive. Logo podemos afirmar que a diversificação linguística existe e é caracterizada por diversos fatores que influenciam cada região, é uma realidade no Brasil. Essa diversificação linguística existe não só por causa da grande expansão territorial do país, mas também por causa da injustiça social.
O preconceito surge quando determinam apenas uma unidade linguística, a tendo como padrão, porém se o português existe apenas em um formato padrão, teríamos milhões de brasileiros que seriam caracterizados como sem-língua, justamente por falta do acesso ao padrão linguístico. O que se tem como língua padrão ou português formal é entendido por poucos no Brasil, se tornando para muitos como uma língua estrangeira. A unicidade linguística é de fato um mito e precisa ser abandonado para que a diversificação linguística ganhe espaço no nosso país, dessa forma a população amplamente marginalizada dos falantes das variedades não-padrão ganhe espaço e possam falar e compreender a língua.
Mito 02: “Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português”
O segundo mito abordado no texto é que o português exato só é falado em Portugal. Essa afirmação que aqui é entendida como mito, nos faz parecer inferiores, refletindo um sentimento de dependência de um pais mais civilizado.
Dizer que somente em Portugal se fala o português correto, é não entender a adaptação da língua nos contextos culturais, e infelizmente é o que ocorre inclusive no ensino da gramática nas escolas tradicionais e através de muitos intelectuais renomados que trata a diversificação linguística como uma corrupção do português que é falado no Brasil.
Mito 03: “Português é muito difícil”
O terceiro mito é entendido como a dificuldade do português. Sempre vimos o ensino do português como as escolas nos impôs, baseada na norma gramatical de Portugal, o problema é que as regras que se aprende na escola, não corresponde com a língua que realmente se fala e se escreve no Brasil. Percebe-se uma quantidade significativa de gente afirmando que o português é difícil, logo nota-se que o uso do português usado no Brasil não é levado em conta. O autor afirma que sustentar essa afirmação de que o português é difícil é o mesmo que cavar uma profunda trincheira entre os poucos que “sabem a língua” e a massa enorme de “asnos”.
Mito 04: “As pessoas sem instrução falam tudo errado”
O autor classifica como quarto mito a afirmação que diz que a falta de instrução resulta em falas erradas. Marcos Bagno afirma que o preconceito linguista se baseia na crença de que só existe uma única língua portuguesa. Logo na visão preconceituosa é tratado como atraso mental o mau uso do português, como por exemplo a transformação de L em R nos encontros consonantais. Dessa forma as pessoas que utilizam palavras como Craudia, praca, pranta são marginalizadas, tendo sua forma de falar entendida como carente, pobre e feia, sendo que na verdade é uma forma de linguagem que apenas difere da que é imposta pelas escolas. O autor finaliza dizendo que se existe preconceito linguístico é porque antes existe um preconceito social.
Referência:
Texto encontrado em: BAGNO, Marcos – Preconceito Linguístico o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 1999 (p. 15 a 40)
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